Entrevista com o Dr. Cecin Daoud Yacoub, Chefe de Cirurgia Plástica do Instituto Santa Cruz (SP).

Qual é a sua formação, especialização e trajetória junto à SBCP?

Sou mineiro, natural de Uberaba e me formei, em 1976, na tradicional Faculdade Federal de Medicina do Triângulo Mineiro (FFMTM), hoje transformada em universidade federal.

Fiz a residência em Cirurgia Geral na mesma instituição e, a seguir, segui para São Paulo para a formação em Cirurgia Plástica, no Hospital dos Defeitos da Face, estabelecendo-me na Capital.

A princípio, não tinha planos de seguir a minha atividade profissional atrelada ao ensino, mas não deixei de seguir os trâmites de ascensão junto à SBCP até a categoria de Membro Titular. E assim segui por mais de três décadas. Porém, nunca perdi o contato com os meus professores, em especial com o Prof. Mélega, e sempre procurei estar presente no ambiente acadêmico, quer na instituição onde me formei, quer em outras instituições como o Instituto de Cirurgia Plástica Santa Cruz e o da Santa Casa de São Paulo onde tenho respeitados amigos.

Na última década, quis o destino que eu atendesse a um convite do Prof. Mélega para, inicialmente, dividir com ele a missão de gerenciar a escola que ele fundou e, logo depois, assumir o seu lugar. Aceitei o desafio como uma ordem, diante da amizade, do respeito mútuo e da necessidade que ele enfrentava naquele momento pelo acometimento de uma grave doença.

Como chefe do serviço credenciado do lnstituto de Cirurgia Plástica Santa Cruz, qual é a sua estrutura atual e quais são as principais atividades exercidas pelos residentes?

No primeiro semestre de 2020, perdemos o Prof. Mélega. E, logo após a sua morte, tivemos que deixar o anexo do Hospital Santa Cruz. Aqui, entra uma longa e complicada história que não merece ser reproduzida aqui e foge ao objetivo da matéria.

O novo endereço do Instituto é muito bem localizado na Rua Itapeva, em prédio estruturado para a área de saúde, numa travessa muito próxima da Av. Paulista, com estrutura de seis salas de atendimento, espaço para reuniões presenciais e biblioteca. É uma estrutura suficiente para atender a forte demanda do serviço e do ensino, sem perda da qualidade prestada pelos competentes e dedicados assistentes, todos formados pelo Prof. Mélega, que preservam o espírito do serviço, em respeito ao seu saudoso mestre.

Mantemos as mesmas duas vagas por ano e nove assistentes, com estrutura de longa data para, no mínimo, o dobro de vagas; porém, respeitamos o desejo do nosso fundador em priorizar a qualidade do treinamento e do ensino, juntamente com o rigor e a autonomia do processo seletivo.

Assim, a demanda oferece atividade cirúrgica de segunda à sexta-feira, com a agenda comprometida por, no mínimo, seis semanas de antecedência, com uma programação eletiva extremamente variada entre procedimentos estéticos e reparadores.

Ganhamos uma importante parceria com o Dr. Vaccari na área da bucomaxilofacial e fissurados, em nosso serviço e no Hospital Darci Vargas, onde ele atua.

Atualmente, estamos defasados na área de queimados e estamos à procura de uma solução para esta área.

Qual a importância da participação dos residentes nos eventos científicos da SBCP?

É na formação que conseguimos condicionar os futuros cirurgiões plásticos a serem participativos na vida acadêmica da Sociedade no qual estão ingressando. O incentivo na elaboração de trabalhos para publicação e apresentação em eventos científicos é fundamental e importante instrumento orientador dos preceitos ético e comportamental no âmbito profissional.

Quais seriam as sugestões do senhor para os temas de Cirurgia Plástica estética e reconstrutiva a serem abordados nos próximos eventos deste ano de 2023?

Na área da cirurgia reconstrutiva, não teria qualquer sugestão temática, exceto procurar manter e abrir espaço para esta área nas grades científicas dos eventos, com o incentivo através de concursos e prêmios.

Na área estética, considero que, atualmente, estamos em um momento extremamente delicado, onde os recursos tecnológicos estão ocupando um espaço cada vez maior na Cirurgia Plástica, em das técnicas cirúrgicas clássicas consagradas na literatura.

Além disso, estas técnicas e táticas cirúrgicas consagradas têm sido muitas vezes indicadas de forma questionável!

O momento atual nos convida a resgatar, em nossos eventos, dois temas outrora abordados, quais sejam, Ponto e Contraponto e O Menos é Mais.