Dr Flávio Nogueira
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – SBCP
– Adjunto do Capitulo de Gestão e Planejamento de Carreira da SBCP – 2022-2023
– Doutorado – Faculdade de Medicina USP
– Professor Convidado do Hospital Universitário USP
Todos os anos, centenas de novos cirurgiões plásticos adentram o mercado de trabalho no Brasil e precisam de um local para atender seus pacientes.
Até não muito tempo atrás, as opções eram aquisição ou aluguel de um imóvel que, além de todo o pessoal envolvido (secretárias, faxineiras, recepcionistas), havia gastos com energia, telecomunicações e água. O custo fixo total era muito alto.
Como alternativa, o novo profissional poderia partir para atendimento em consultórios de amigos, clínicas multidisciplinares, centros médicos ligados a redes de hospitais e operadoras de saúde, ou até alugar uma sala, em um período fixo na semana, dentro de uma clínica médica maior, o que engessava horários de atendimento.
Recentemente, seguindo uma tendência do mercado mundial, surgiram os consultórios médicos em formato de coworking. Esse conceito revolucionou a concepção do consultório formal e preencheu uma lacuna, dando total mobilidade na agenda do médico sem prendê-lo a operadoras de saúde, por exemplo.
Dentre as vantagens deste modelo de negócio, temos: custos muito mais baixos, pois existe uma mensalidade pouco dispendiosa e um modelo de taxa de sala por pay-per-use, de modo que, quando há menos pacientes no mês, paga-se menos; disponibilidade de múltiplos endereços para abertura de agendas pelo mesmo valor de mensalidade; estacionamento gratuito para o profissional; website personalizado, além de número de telefone fixo, no qual a recepcionista atende de modo individualizado; espaço de coworking nas unidades, com impressoras e até boxes para secretárias particulares dos médicos – com a inerente possibilidade de networking entre os médicos; aplicativo próprio para gestão de agenda e catálogo dos pacientes, dando flexibilidade para atendimentos em vários horários e em vários endereços diferentes; diminuição teórica de riscos de processos trabalhistas. Tudo isso, lembrando que o networking entre médicos de outras áreas ainda é extremamente importante para a prospecção de novos pacientes na especialidade de Cirurgia Plástica.
Evidentemente, existem desvantagens no coworking, tais quais: despersonalização das salas de atendimento; horários absolutamente cheios e sem opção de sala naquele momento; uma maior dificuldade em se manejar um volume muito grande de pacientes simultâneos, como pacientes de pós-operatórios para trocas de curativos.
De qualquer modo, este conceito de coworking é muito interessante e veio para ficar, tanto para cirurgiões plásticos entrantes no mercado como para outros mais experientes. É um modelo mais sustentável, em que o mesmo espaço não fica restrito a um único dono apenas. Está mais em linha com a nossa sociedade contemporânea que passa por uma transformação acerca dos conceitos de posse, tanto de imóveis, como de bens móveis (vide o crescimento do Uber).
Ademais, o médico consegue focar apenas na sua atividade-fim. que é praticar a Medicina e sem precisar tornar-se um especialista em recursos humanos, administração de empresas, tributário e financeiro.