Dr. Aristides, fale-nos sobre sua formação, especialização e trajetória junto à SBCP.
Fiz a graduação na Faculdade de Medicina de Jundiaí e de lá fui para a UNESP, na Faculdade de Medicina de Botucatu, para fazer a residência em Cirurgia Geral. Neste período percebi que precisaria me especializar e, entre as opções, a Cirurgia Plástica foi a que mais me chamou a atenção.
Meu interesse se devia à diversidade de problemas enfrentados, à necessidade de um amplo conhecimento de anatomia e à possibilidade de buscar soluções criativas para diferentes problemas, fugindo das técnicas rigorosamente padronizadas, tão comuns em outras especialidades.
Prestei então o exame de seleção para a Cirurgia Plástica e, ao final de minha formação, fui contratado. Desde o início da carreira docente, venho exercendo as funções em regime de tempo integral e dedicação exclusiva, o que é muito pouco comum em nossa especialidade.
Dentro da universidade, fiz o mestrado e o doutorado e me especializei em educação nas profissões da saúde.
Sempre trabalhei muito próximo com a residência e com cirurgia reparadora, principalmente a craniofacial.
Desde a residência médica, sou sócio da SBCP, participando de eventos regionais e nacionais, além de contribuir com a Regional São Paulo e até mesmo com a Nacional sempre que solicitado.
Nos últimos anos, a convite do Dr. Salustiano Pessoa, tenho contribuído com o DESC na busca de um aprimoramento da formação dos nossos residentes.
Como chefe do serviço credenciado da Faculdade de Medicina de Botucatu, qual é a estrutura atual e principais atividades exercidas pelos residentes?
Nosso serviço está ligado a uma grande universidade do interior paulista, a UNESP, e conta com diversos cenários de práticas para a residência médica.
O principal cenário hospitalar é o Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), um hospital terciário que atende a toda a região da DRS VI. Temos ainda o Hospital Estadual de Botucatu, onde realizamos procedimentos com anestesia local e procedimentos de média complexidade sob anestesia geral. Para os estágios em queimaduras, temos o Hospital Estadual de Bauru que conta com uma UTQ com seis leitos de UTI e 14 leitos de enfermaria de queimados.
Contamos ainda com uma biblioteca completa, acesso a periódicos online, arquivo de imagens, prontuário eletrônico e todas as facilidades para o exercício da especialidade.
Apesar de toda esta estrutura, vivemos um momento de crise. A pandemia desestruturou os serviços de saúde em nossa região e estamos vivendo uma crise com falta de profissionais, principalmente da enfermagem para dar suporte ao atendimento. Isto tem causado uma redução significativa no número de internações e de cirurgia. Esperamos que esta seja uma situação passageira e que logo possamos retornar ao ritmo de trabalho que nossa residência necessita.
Qual é a importância da participação dos residentes nos eventos científicos da SBCP?
Ter a oportunidade de conviver com os membros da SBCP, participar de mesas, conferências, workshops é sempre uma oportunidade importante para ampliar horizontes, conhecer outras formas de enfrentamento dos diversos problemas da especialidade e criar laços que vão permitir estágios futuros, vínculos profissionais e amizades duradouras.
A SBCP é o campo natural para se estabelecer o networking tão necessário para o crescimento profissional que o residente busca.
Quais seriam as sugestões de temas da cirurgia plástica estética e reconstrutiva para os próximos eventos neste ano de 2023?
Considero todos os assuntos relacionados à Cirurgia Plástica importantes para a formação de nossos residentes, mas acho de especial importância a discussão de temas relacionados às complicações em Cirurgia Plástica e seu manejo, a discussão dos limites da ética na vida profissional e o aspecto da judicialização da Medicina. Abordar estes três temas juntos deve ser interessante para os cirurgiões mais experientes e de grande valia para o iniciante.