Entrevista com o Dr. Ithamar Nogueira Stocchero, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo – biênio 2004-2005

Como o senhor avalia a sua gestão frente à diretoria da Regional São Paulo da SBCP, no biênio 2004-2005?

Eu, o João de Moraes Prado Neto e o Luiz Alfredo Cardoso fomos eleitos para atender uma expectativa dos que acreditaram em nossas propostas. No entanto, nada teria sido possível sem a colaboração dedicada de outros colegas para que o leque de ideias que tínhamos a implementar desse resultado. Tenho certeza de que pudemos fazer mais do que o prometido graças ao desprendimento de pessoas como o Flávio Henrique Mendes (editor do Plástica Paulista, do qual você, Raul Kury, era o jornalista responsável). Formatamos o nosso periódico com colunas de arte (sob a responsabilidade do saudoso Aldir Mendes de Souza), jurídica (Marcelo Benigno), história (Serviços Credenciados e Associações de Antigos Alunos) e acontecimentos científicos e sociais, nacionais e internacionais também eram relatados. O Eduardo Daud, coordenador de eventos sociais, também nos permitiu dar grandeza a momentos inesquecíveis nos Jantares Presidenciais realizados no Clube Monte Líbano. A parte científica com Juarez Avelar, o Curso dos Residentes com Jorge Luiz Abel e Carlos Fröner Souza Góes, as Reuniões Mensais com a coordenação de Fábio Busnardo. A Comissão de Prêmios com Fábio Nahas, Comissão Internacional com Paulo Keiki Matsudo e Luiz Sérgio Toledo, a Assessoria à Presidência de José Octavio Gonçalves de Freitas, Alexandre Piassi Passos, Luiz Henrique Ishida, Eduardo Sakae, entre outros. E contratamos a Bold Eventos, da Lucianne De Dominicis, para viabilizar o que imaginávamos. Elaboramos os primeiros programas de jornadas a virem com as fotos dos relatores. A saudosa Fátima e a Giovana secretariavam a Regional. Foi um grande time que eu tive! Uma verdadeira seleção mundial!

Quais foram as principais realizações de sua gestão?

Sempre acreditei que uma sociedade de classe deve ser inclusiva, dar palco e espaço para os seus membros. Este foi o meu objetivo. Fizemos isso trazendo, também, os residentes do Estado para dentro da Regional São Paulo da SBCP, com a Comissão de Residentes, tendo o Fabrício Carvalho Torres como representante da Capital e o Cássio Eduardo Raposo do Amaral representando o Interior. Foi uma aproximação muito positiva.

Existem diferentes formas de ver o mundo. Eu considero que um evento do porte da Jornada Paulista deva ser compatível com a grandeza que ela tem, abrindo as portas para muitos temas e autores.

Os encontros locais devem ter um direcionamento para iniciar os colegas no trajeto do aprendizado de comunicação. E há os simpósios específicos para um determinado assunto, estes com os experts na matéria.

Costumo comparar os encontros científicos como ir às compras. Se você quer um relógio de ponta, vai a uma joalheria específica. Se você quer ver marcas de destaque, vai a uma rua de grifes. Agora, se você quer ter um panorama geral do que está acontecendo, vai a um shopping center dar uma olhada no que passa pelo mundo. E as Jornadas Paulistas, a meu ver, são para isso. Deixar as pessoas mostrarem o que estão fazendo e os participantes podendo entrar na sala que lhe interessa. Os talk shows ficam para situações especiais, focadas. Repito, cada um vê os eventos à sua maneira. Nós optamos por dar espaço a todos.

Organizamos as 24ª e 25ª Jornadas Paulistas, com recordes de público, quatro encontros regionais, do Litoral, no Guarujá, com o Professor Illouz, do Interior, em São José do Rio Preto, da Mantiqueira, em conjunto com a Regional de Minas Gerais, em Monte Verde e o da Capital, o 1º Simpósio Brasileiro de Engenharia de Tecidos – da Célula-Tronco aos Biomateriais e seis cursos (Cicatrização e Tratamento de Feridas, Medicina Hiperbárica, Laser em Cirurgia Plástica, Procedimentos Ancilares em Cirurgia Plástica, Fotografia em Cirurgia Plástica e Anestesia Local em Cirurgia Plástica).

Reinstituímos o Prêmio “José Rebello Neto” para os participantes do Curso Integrado de Cirurgia Plástica, e instituímos o Prêmio “Regional São Paulo da SBCP”, para trabalhos de residentes em Jornadas, Simpósios e Eventos.

Inovamos também com a pioneira realização de dois simpósios eletrônicos, capitaneados pelo Flávio Mendes, situação que permitiu aos sócios assistirem aos eventos onde quer que estivessem, no horário mais conveniente. O 1º Simpósio Eletrônico versou sobre implantes mamários e o seguinte sobre contorno corporal pós-grandes emagrecimentos.

Editamos também dois livros, quais sejam, Atualização em Cirurgia Plástica Estética e Reconstrutiva, em parceria com o Antônio Batuíra Tournieux, e História da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo, em coautoria com Juarez Moraes Avelar e Lybio Mártire Junior.

Finalmente, graças ao cuidado com as contas, publicadas na coluna do nosso Tesoureiro em todos os números do Plástica Paulista, pudemos deixar um aumento de 150% no patrimônio líquido financeiro da Regional, além das melhorias físicas realizadas.

Qual a importância das atividades da maior Regional da SBCP para os sócios, em sua visão?

Com a irreparável perda do nosso grande ícone, Professor Ivo Pitanguy, não existem mais figuras míticas a ocuparem um espaço de atração a um local. Consequentemente, o interesse por um evento se dará ou por belezas naturais ou então pela infraestrutura e peso científico e interação social. Inegavelmente o Rio de Janeiro se enquadra na primeira citação, enquanto o conjunto das universidades paulistas vai se firmando como de grande peso no cenário científico, sem esquecer a gastronomia e a hotelaria de luxo da cidade de São Paulo que são líderes em turismo de negócios no país. A Regional deve explorar estas oportunidades.

Qual o futuro no qual o senhor acredita para o melhor desempenho da Regional frente aos sócios?

Considerando que faz parte do pré-requisito para o exercício da especialidade ser membro da entidade de classe, lanço mão de duas frases para manter vivo o interesse pela nossa Regional. Aristóteles dizia: “O homem é um animal de sociedade”. E a expressão popular: “Não é com vinagre que se apanham moscas”. Portanto, fica claro que você deve oferecer espaços atraentes para o convívio, e … mel!

Estamos saindo de uma pandemia que mexeu profundamente com nossos costumes. Os eventos à distância e o isolamento ao assistir palestras na comodidade do seu espaço pessoal fez com que houvesse uma falta de vibração em assistir em uma grande tela as técnicas apresentadas e ouvir o palestrante, comentar o assunto com os seus pares. O preparo do jantar e do baile do evento, um registro que fica na lembrança para sempre … Tudo isso foi perdido por um tempo. Apresentar esta maneira de ensinar e de trocar experiências para os jovens que não a conheceram, e reviver para os que sentiram sua falta, acho que isso deve nortear as futuras diretorias. Conviver é preciso! E a Regional tem público e potencial para continuar mantendo esta chama viva da integração pessoal e profissional de seus partícipes. Basta escolher um local, perceber os interesses do momento e planejar. E lembrar-se de dar a oportunidade a quem tem algo novo e relevante a mostrar! Eu dei o nome a esta modalidade de Usina de Ideias.

Jamais esquecer também de dar espaço e reconhecimento aos nossos expositores! Eles são, sempre, um show à parte, que atrai e faz parte do sucesso!

Vale a pena!!! Vamos em frente!!!